Este texto é patrocinado pela Coca-Cola.
Dia de sol, brisa agradável, ténis de corrida, chaves de casa, recibo da lavandaria, Central Park. Posso pensar que tenho tudo em ordem mas não é mais do que arrogância infantil. A verdade é que não faço ideia do que se passa. Vejo milhares de pessoas na rua acompanhadas por uma estranha e mística música ambiente que surge de um sistema de som invisível. Mães e pais e filhos, freaks, artistas, grupos de amigos com menos de 16 ou mais de 40 anos, brancos, pretos, hispânicos, asiáticos, indianos, é como se todo o mundo estivesse reunido em dois quarteirões. Pergunto a um monge tibetano que bebe um Red Bull se vai ter lugar um concerto de Rock. “Não”, responde, “o Dalai Lama está na cidade”. Faz sentido. Olho pela primeira vez para os vários panfletos que tenho na mão. “Meditate NYC – Find some breathing room”; “Tibet, Cry of the Snow Lion – NY Times review in the back!”; uma fotografia do líder espiritual do Tibete com o seguinte aviso nas costas: “Aviso: A posse deste postal ou de qualquer fotografia de Sua Santidade o Dalai Lama é ilegal no Tibete e pode levar a detenção, prisão e tortura.” Dois passos à frente, David fala-me da árvore da vida, de como precisamos que a mente esteja aberta para termos acesso à 4ª dimensão, onde Deus reside. Aponta o dedo a Bush e à América, àqueles que estão convencidos que o Todo Glorioso está do seu lado mas que na verdade representam o mal. Proclama que o Império Americano, tal como o Grego, Pérsio ou Romano, cairá sufocado pelas ruínas da sua própria criação. David representa as contradições do país. Diz que se deve ampliar o amor e dissipar o ódio mas não esconde um brilho nos olhos ao antever a vingança de Deus perante aqueles que o desafiam. Fala de Budismo mas na sua mão está uma bíblia inquieta que roubou de um motel na Virgínia. Não tenho coragem de lhe dizer que não acredito em Deus porque estou convencido que Deus já não acredita em nós. É como um pai com um filho delinquente: durante algum tempo fechou os olhos ao que se passava mas quando as coisas bonitas lá de casa começaram a desaparecer, trancou a porta. “Outra guerra? Devem estar a brincar. Foi para isto que eu os criei? Estou farto. Chega! Não voltam a pôr os pés nesta casa!” E aqui ficámos, sozinhos, com um mundo inteiro para destruir e tão pouco tempo para o fazer. Resta-nos fingir que vai ficar tudo bem, beber uma Coca Cola enquanto ouvimos palavras de bondade, tranquilidade e defesa dos direitos humanos. Imaginar o Dalai Lama a fugir para a casa de banho, depois do “concerto”, para fumar um cigarro escondido sem que a sua “entourage” o perceba. Deixar que se torne humano aos nossos olhos. Porque quando o fumo da religião se dissipar e tudo o que está à nossa volta se tornar claro, estaremos rodeados apenas de nós próprios. Mas posso estar errado. Por vezes penso que tenho tudo em ordem mas não é mais do que arrogância infantil.
P.S. Todo este espectáculo serve também para alertar o mundo para a situação no Tibete. É preciso que as pessoas saibam que 500 mil tibetanos morreram pelas mãos das tropas chinesas desde 1959. Que mais de 6000 monumentos e altares budistas foram destruídos. Que Lobsang Dhondup foi executado, acusado de “crimes políticos”, no início do ano pelo governo Chinês e que Tenzin Delek Rinpoche é o próximo. Que George Bush apenas se preocupa com o opressão dos povos que lhe convêm.
Dia de sol, brisa agradável, ténis de corrida, chaves de casa, recibo da lavandaria, Central Park. Posso pensar que tenho tudo em ordem mas não é mais do que arrogância infantil. A verdade é que não faço ideia do que se passa. Vejo milhares de pessoas na rua acompanhadas por uma estranha e mística música ambiente que surge de um sistema de som invisível. Mães e pais e filhos, freaks, artistas, grupos de amigos com menos de 16 ou mais de 40 anos, brancos, pretos, hispânicos, asiáticos, indianos, é como se todo o mundo estivesse reunido em dois quarteirões. Pergunto a um monge tibetano que bebe um Red Bull se vai ter lugar um concerto de Rock. “Não”, responde, “o Dalai Lama está na cidade”. Faz sentido. Olho pela primeira vez para os vários panfletos que tenho na mão. “Meditate NYC – Find some breathing room”; “Tibet, Cry of the Snow Lion – NY Times review in the back!”; uma fotografia do líder espiritual do Tibete com o seguinte aviso nas costas: “Aviso: A posse deste postal ou de qualquer fotografia de Sua Santidade o Dalai Lama é ilegal no Tibete e pode levar a detenção, prisão e tortura.” Dois passos à frente, David fala-me da árvore da vida, de como precisamos que a mente esteja aberta para termos acesso à 4ª dimensão, onde Deus reside. Aponta o dedo a Bush e à América, àqueles que estão convencidos que o Todo Glorioso está do seu lado mas que na verdade representam o mal. Proclama que o Império Americano, tal como o Grego, Pérsio ou Romano, cairá sufocado pelas ruínas da sua própria criação. David representa as contradições do país. Diz que se deve ampliar o amor e dissipar o ódio mas não esconde um brilho nos olhos ao antever a vingança de Deus perante aqueles que o desafiam. Fala de Budismo mas na sua mão está uma bíblia inquieta que roubou de um motel na Virgínia. Não tenho coragem de lhe dizer que não acredito em Deus porque estou convencido que Deus já não acredita em nós. É como um pai com um filho delinquente: durante algum tempo fechou os olhos ao que se passava mas quando as coisas bonitas lá de casa começaram a desaparecer, trancou a porta. “Outra guerra? Devem estar a brincar. Foi para isto que eu os criei? Estou farto. Chega! Não voltam a pôr os pés nesta casa!” E aqui ficámos, sozinhos, com um mundo inteiro para destruir e tão pouco tempo para o fazer. Resta-nos fingir que vai ficar tudo bem, beber uma Coca Cola enquanto ouvimos palavras de bondade, tranquilidade e defesa dos direitos humanos. Imaginar o Dalai Lama a fugir para a casa de banho, depois do “concerto”, para fumar um cigarro escondido sem que a sua “entourage” o perceba. Deixar que se torne humano aos nossos olhos. Porque quando o fumo da religião se dissipar e tudo o que está à nossa volta se tornar claro, estaremos rodeados apenas de nós próprios. Mas posso estar errado. Por vezes penso que tenho tudo em ordem mas não é mais do que arrogância infantil.
P.S. Todo este espectáculo serve também para alertar o mundo para a situação no Tibete. É preciso que as pessoas saibam que 500 mil tibetanos morreram pelas mãos das tropas chinesas desde 1959. Que mais de 6000 monumentos e altares budistas foram destruídos. Que Lobsang Dhondup foi executado, acusado de “crimes políticos”, no início do ano pelo governo Chinês e que Tenzin Delek Rinpoche é o próximo. Que George Bush apenas se preocupa com o opressão dos povos que lhe convêm.
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