segunda-feira, outubro 24, 2005

Mais do mesmo

As actas para o concurso directo já foram divulgadas. Manoel de Oliveira conseguiu o subsídio. O projecto em que estive envolvido ficou em 4º lugar (apenas os três primeiros são aprovados), a uma distância de 0,07 pontos do 3º. Sabendo que o júri se voltou a reunir depois de alegadas pressões, imagino que o tenham feito com uma máquina calculadora na mão. Ou talvez apenas tenham acrescentado um número, deslocado uma vírgula, um '5' que se transforma num '6' com um simples movimento de caneta. Ler as actas do júri (escrevo a palavra com letra pequena mas não é um erro) à espera de critérios objectivos é como procurar amor nos braços de uma prostituta. Uma perca de tempo. Afinal, para estas pessoas, para este grupo, para este buraco negro da criatividade, o produtor de Manoel de Oliveira, Miguel Cadilhe, tem mais experiência e capacidade do que o produtor Tino Navarro. O que é fantástico, considerando que Cadilhe produziu, até ao momento, exactamente um (1) filme, 'O Espelho Mágico', que ainda nem sequer estreou. Tino Navarro, por seu lado, tem vinte (20) filmes no curriculum. Bem vindos ao outro lado do espelho, um mundo onde Luís Galvão Telles, o realizador do memorável 'Tudo Isto é Fado', tem mais 'capacidade de comunicação' do que António-Pedro Vasconcelos.

Já foi legislada a nova lei do cinema. Ainda a estou a estudar mas, para ser sincero, parece-me apenas mais do mesmo. O cinema português continuará refém do 'sistema', essa expressão tão frequente que parece englobar tudo o que é obscuro e corrupto no nosso país.

Ainda não houve desmentidos quando à notícia do Independente. Ninguém apareceu a defender a sua honra, não entraram processos por difamação no tribunal. Nem sequer uma conferência de imprensa, ou murros na mesa, ou artigos inflamados. Estas pessoas vivem do silêncio.
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