segunda-feira, outubro 04, 2004

Isto é tudo um sonho

Cinco pessoas sentadas a uma mesa, copos individuais de álcool com cores diferentes, uma asiática que se encosta à minha perna; “Mostra-me um mamilo”, a obediência acompanhada de um sorriso, duro e saliente, “outra vez”, um amigo que chega e me aperta a mão, cumprimentos acompanhados de um saco de pé branco que se esconde em palmas suadas. Levanto-me, vou até à casa de banho, as portas nunca se fecham, de pé a fingir que urino e o autoclismo que dispara enquanto uma chave se aproxima do meu nariz e inspiro fundo.

Regresso, conversas que não respeitam os limites de velocidade, mais uma garrafa, mulheres em exercícios de equilíbrio em postes metálicos, um amigo que desapareceu para ser encontrado junto do bar a fumar um charuto. O desejo de nunca voltar para casa, um carro que desce a sétima avenida com Alejandro Sanz a sair pelas colunas e seis passageiros, um deles Francisco, traficante colombiano de droga misturada com pó talco. Um carro de polícia que atravessa a rua e o único momento de lucidez.

Não, é um sonho. Esta merda só pode ser um sonho.
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