Novela em cinco actos
Capítulo I - Carlos e Óscar
Transcrição do interrogatório a Óscar Silva, trinta e dois anos, Bilhete de Identidade número 87465327. Membro da segurança do Hotel Ibis localizado no quilómetro trinta e dois da autoestrada Lisboa – Cascais. Investigação conduzida pelo Detective Carlos Rodrigues, distintivo número 197648 da Polícia Judiciária. Segunda-feira, dia 20 de Outubro 2003. 11h32
Carlos Rodrigues (C.R.): Bom dia. Sente-se, por favor.
Óscar Silva (O.S.): Bom dia, detective Rodrigues.
C.R.: Comece por me descrever os acontecimentos do dia 18 de Outubro, Sábado. Tente ser objectivo mas não esconda pormenores. Nunca se sabe se algum detalhe pode ajudar a investigação.
O.S.: Eram sete e vinte e três da tarde, eu estava na sala de vigilância...
C.R.: Sala de vigilância?
O.S.: Onde estão todos os monitores de observação. Temos câmeras em todos os andares e corredores, como sabe.
C.R.: Sim, claro.
O.S.: Sabe isso, certo? Um detective nunca deve conduzir um interrogatório sem estar preparado, certo?
C.R.: Continue por favor. Lembre-se, seja objectivo.
O.S.: Bem, como estava a dizer antes de ser interrompido (silêncio), eram sete e vinte e três da tarde e eu estava na sala de vigilância quando reparei em distúrbios no ecrã 69.
C.R.: Isso é uma piada? Ecrã 69?
O.S.: São as imagens do 4º andar, onde todos os quartos são alugados à hora. Para encontros, percebe?
C.R.: Está a dizer-me que o Ibis acolhe prostituição?
O.S.: Não, estou a dizer que acolhemos casais que queiram um quarto onde possam foder durante algumas poucas horas.
C.R.: Continue, por favor. Mas atenção! Não aprecio esse tipo de linguagem.
O.S.: (silêncio) Bem, então estavam vários casais a foder tranquilamente (silêncio) no 4º andar quando a porta do quarto 411 se abre e uma rapariga semi-nua...
C.R.: Defina semi-nua.
O.S.: Cuecas.
C.R.: Sem soutien?
O.S.: Sim.
(silêncio)
C.R.: E?
O.S.: Boas. Jovens, firmes, bicos apontados para cima.
C.R.: Estou a ficar farto das suas brincadeiras e insolências! Seja objectivo, lembre-se. Continue.
O.S.: Bem, esta rapariga, que tinha um par de mamas maravilhoso (silêncio) saiu a correr do quarto com a cara em sangue, aos gritos, fora de si.
C.R.: O que aconteceu depois?
O.S.: Desliguei o telefone e...
C.R.: Estava ao telefone quando tudo isto tinha lugar?
O.S.: O meu amigo André ligou-me para o telemóvel para dizer que tinha arranjado bilhetes para o jogo de ontem.
C.R.: Foste ver o jogo de ontem?
O.S.: Bancada central. Estive a um palmo de distância do Figo.
C.R.: (silêncio) filho da puta.
O.S.: Desculpe?
C.R.: Nada, continue.
O.S.: Bem, (silêncio) desliguei o telefone e corri para o local. Entrei no quarto 411 e vi os lençóis brancos manchados de sangue. Ouvi água a correr na casa de banho e encontrei um jovem a lavar as mãos. Reparei que tinha sangue na cara e que o lavatório estava também vermelho. Ele viu-me através do espelho mas antes que tivesse tempo de reagir, usei a minha lata de mace. Tive depois que reagir às tentativas de agressão e restringir o criminoso. Por fim, chamei a polícia que o levou para a esquadra.
C.R.: O que estás a dizer é que cegaste e espancaste o miúdo?
O.S.: Fiz o que me pareceu necessário para minha segurança pessoal e de todos os residentes do Hotel Ibis. E não aprecio que me trate por tu. É a segunda vez que o faz e não o admito.
C.R.: (silêncio) O que aconteceu à rapariga, sabe?
O.S.: Desapareceu. Não faço ideia. Não é a sua obrigação saber isso, detective Rodrigues?
C.R.: Sabes que mais, Óscar, é essa tua atitude de filho da puta que te fodeu na academia. Não penses que chumbaste apenas porque não consegues acertar um tiro num celeiro a dez metros.
O.S.: Vai para o caralho, ó Carlos. Se hoje és o Senhor Detective é apenas porque te ajudei a copiar no exame de investigação forense. Quem é que te passou as cábulas?
C.R.: Isso foi há muitos anos. Esquece essa merda, foda-se.
O.S.: Quem é que te passou as cábulas, caralho? Responde à pergunta!
C.R.: Este interrogatório acabou.
O.S.: Se houvesse alguma justiça no mundo, eras tu que vestias este uniforme amarelo. Filho da puta.
C.R.: Isto ainda está ligado?
O.S.: Quem é que te passou as cábulas, diz lá!
C.R.: Vou precisar da cassete com os acontecimentos de Sábado.
O.S.: Azar. Alguém gravou por cima.
C.R.: Estás a gozar.
O.S.: Não. Posso-te dar a cassete à mesma, se quiseres voltar a ver o jogo de ontem e o resumo da semana do Big Brother.
C.R.: Decepcionas-me como homem, Óscar. Nunca pensei...
O.S.: Vai para o caralho.
C.R.: Não, vai tu para o caralho! Porque a miúda nunca apareceu em nenhum hospital e o puto apenas apresenta pequenos cortes, nódoas negras e os olhos inchados. Agora diz-me, de onde apareceu todo aquele sangue? O que aconteceu?
O.S.: Não és o detective? Então detecta. Mais alguma coisa?
C.R.: Sai da minha vista.
O.S.: O prazer é meu. Beijos à Cristina.
(silêncio) (fim da transcrição)
Não perca amanhã o próximo capítulo com revelações chocantes! O que terá acontecido naquele quarto de hotel? Irá o detective Rodrigues descobrir toda a verdade? Uma estória que o irá seguir para o resto da sua vida!!!
Amanhã: “Sara:... quando dei por ela, tinha a cara cheia de sangue, na minha boca, no meu nariz. Meu Deus, eu inspirei sangue! E nem tenho a certeza de quem era!”
Capítulo I - Carlos e Óscar
Transcrição do interrogatório a Óscar Silva, trinta e dois anos, Bilhete de Identidade número 87465327. Membro da segurança do Hotel Ibis localizado no quilómetro trinta e dois da autoestrada Lisboa – Cascais. Investigação conduzida pelo Detective Carlos Rodrigues, distintivo número 197648 da Polícia Judiciária. Segunda-feira, dia 20 de Outubro 2003. 11h32
Carlos Rodrigues (C.R.): Bom dia. Sente-se, por favor.
Óscar Silva (O.S.): Bom dia, detective Rodrigues.
C.R.: Comece por me descrever os acontecimentos do dia 18 de Outubro, Sábado. Tente ser objectivo mas não esconda pormenores. Nunca se sabe se algum detalhe pode ajudar a investigação.
O.S.: Eram sete e vinte e três da tarde, eu estava na sala de vigilância...
C.R.: Sala de vigilância?
O.S.: Onde estão todos os monitores de observação. Temos câmeras em todos os andares e corredores, como sabe.
C.R.: Sim, claro.
O.S.: Sabe isso, certo? Um detective nunca deve conduzir um interrogatório sem estar preparado, certo?
C.R.: Continue por favor. Lembre-se, seja objectivo.
O.S.: Bem, como estava a dizer antes de ser interrompido (silêncio), eram sete e vinte e três da tarde e eu estava na sala de vigilância quando reparei em distúrbios no ecrã 69.
C.R.: Isso é uma piada? Ecrã 69?
O.S.: São as imagens do 4º andar, onde todos os quartos são alugados à hora. Para encontros, percebe?
C.R.: Está a dizer-me que o Ibis acolhe prostituição?
O.S.: Não, estou a dizer que acolhemos casais que queiram um quarto onde possam foder durante algumas poucas horas.
C.R.: Continue, por favor. Mas atenção! Não aprecio esse tipo de linguagem.
O.S.: (silêncio) Bem, então estavam vários casais a foder tranquilamente (silêncio) no 4º andar quando a porta do quarto 411 se abre e uma rapariga semi-nua...
C.R.: Defina semi-nua.
O.S.: Cuecas.
C.R.: Sem soutien?
O.S.: Sim.
(silêncio)
C.R.: E?
O.S.: Boas. Jovens, firmes, bicos apontados para cima.
C.R.: Estou a ficar farto das suas brincadeiras e insolências! Seja objectivo, lembre-se. Continue.
O.S.: Bem, esta rapariga, que tinha um par de mamas maravilhoso (silêncio) saiu a correr do quarto com a cara em sangue, aos gritos, fora de si.
C.R.: O que aconteceu depois?
O.S.: Desliguei o telefone e...
C.R.: Estava ao telefone quando tudo isto tinha lugar?
O.S.: O meu amigo André ligou-me para o telemóvel para dizer que tinha arranjado bilhetes para o jogo de ontem.
C.R.: Foste ver o jogo de ontem?
O.S.: Bancada central. Estive a um palmo de distância do Figo.
C.R.: (silêncio) filho da puta.
O.S.: Desculpe?
C.R.: Nada, continue.
O.S.: Bem, (silêncio) desliguei o telefone e corri para o local. Entrei no quarto 411 e vi os lençóis brancos manchados de sangue. Ouvi água a correr na casa de banho e encontrei um jovem a lavar as mãos. Reparei que tinha sangue na cara e que o lavatório estava também vermelho. Ele viu-me através do espelho mas antes que tivesse tempo de reagir, usei a minha lata de mace. Tive depois que reagir às tentativas de agressão e restringir o criminoso. Por fim, chamei a polícia que o levou para a esquadra.
C.R.: O que estás a dizer é que cegaste e espancaste o miúdo?
O.S.: Fiz o que me pareceu necessário para minha segurança pessoal e de todos os residentes do Hotel Ibis. E não aprecio que me trate por tu. É a segunda vez que o faz e não o admito.
C.R.: (silêncio) O que aconteceu à rapariga, sabe?
O.S.: Desapareceu. Não faço ideia. Não é a sua obrigação saber isso, detective Rodrigues?
C.R.: Sabes que mais, Óscar, é essa tua atitude de filho da puta que te fodeu na academia. Não penses que chumbaste apenas porque não consegues acertar um tiro num celeiro a dez metros.
O.S.: Vai para o caralho, ó Carlos. Se hoje és o Senhor Detective é apenas porque te ajudei a copiar no exame de investigação forense. Quem é que te passou as cábulas?
C.R.: Isso foi há muitos anos. Esquece essa merda, foda-se.
O.S.: Quem é que te passou as cábulas, caralho? Responde à pergunta!
C.R.: Este interrogatório acabou.
O.S.: Se houvesse alguma justiça no mundo, eras tu que vestias este uniforme amarelo. Filho da puta.
C.R.: Isto ainda está ligado?
O.S.: Quem é que te passou as cábulas, diz lá!
C.R.: Vou precisar da cassete com os acontecimentos de Sábado.
O.S.: Azar. Alguém gravou por cima.
C.R.: Estás a gozar.
O.S.: Não. Posso-te dar a cassete à mesma, se quiseres voltar a ver o jogo de ontem e o resumo da semana do Big Brother.
C.R.: Decepcionas-me como homem, Óscar. Nunca pensei...
O.S.: Vai para o caralho.
C.R.: Não, vai tu para o caralho! Porque a miúda nunca apareceu em nenhum hospital e o puto apenas apresenta pequenos cortes, nódoas negras e os olhos inchados. Agora diz-me, de onde apareceu todo aquele sangue? O que aconteceu?
O.S.: Não és o detective? Então detecta. Mais alguma coisa?
C.R.: Sai da minha vista.
O.S.: O prazer é meu. Beijos à Cristina.
(silêncio) (fim da transcrição)
Não perca amanhã o próximo capítulo com revelações chocantes! O que terá acontecido naquele quarto de hotel? Irá o detective Rodrigues descobrir toda a verdade? Uma estória que o irá seguir para o resto da sua vida!!!
Amanhã: “Sara:... quando dei por ela, tinha a cara cheia de sangue, na minha boca, no meu nariz. Meu Deus, eu inspirei sangue! E nem tenho a certeza de quem era!”
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