Capítulo V – Atar os nós, resumir tudo para fácil compreensão e a obrigatória lição de moral.
Senhores e Senhoras, sem mais demora, apresento-vos um dos mais conceituados psicólogos portugueses, único recipiente nacional dos famosos prémios Darwin, Doutor Professor Emídio Moniz.
(palmas) (silêncio)
Boa noite, caros espectadores. Antes de começar a minha apresentação, quero dar uma palavra de louvor para esta iniciativa. A contextualização de tópicos chocantes e perturbadores como estes que acabámos de presenciar é fundamental para o bom funcionamento da sociedade e para o enquadramento psicológico positivo da juventude. Sim, confesso que preferia viver num mundo onde os portageiros não fossem criaturas deprimidas e angustiadas. Mas temos que abrir os olhos. Temos que encarar a verdade. Muitos perdem o seu emprego devido ao avanço das novas tecnologias. Tenho uma amiga, a Diolinda, que era a melhor operadora de chamadas eróticas que alguma vez conheci. Uma verdadeira profissional. Mas até nessa indústria em expansão, o factor humano foi eliminado. Agora são máquinas, gravações, que estão no outro lado, não uma insatisfeita dona de casa com um fetiche por elásticos. Podem dizer, mas ò Moniz, a verdade é que assim ganham mais dinheiro. Talvez, talvez, mas quem é que, numa altura dessas, quer ouvir ‘se já teve um orgasmo, carregue na tecla 1’. Onde é que está o romance? A interacção humana que tornou o sexo pelo telefone uma prática tão apreciada e respeitável? Porque é quando essa interacção humana falha que surge o segundo problema apresentado por estes arrojados episódios. As drogas! Sim, as drogas. Sei o que estão a pensar, que esse é um problema que nunca entrará nas vossas casas. Pois bem, estão enganados! Porque em qualquer casa existe um pacote de Tang . Vão-me dizer que Tang não é uma droga a sério, mas meus amigos, todos nós sabemos que tudo o que importa são as intenções e tenho aqui dados científicos que revelam que o consumo de Tang leva directamente à escalada para drogas mais pesadas. Como podem ver no gráfico que apresento, depois do Tang surge o açúcar granulado, depois a farinha e o pó talco e logo imediatamente a seguir o crack. Imploro-vos, limpem o vosso lar destas tentações. Porque os resultados podem ser drásticos. O que nos leva ao terceiro ponto. Os problemas dos nossos filhos com a lei. Vou ser o mais claro possível nesta questão. Orientem os vossos filhos. Falem com eles, tentem que eles percebam. Peçam para eles desligarem a Internet por um minuto, ou para colocarem a Playstation no pause. Olhem-nos nos olhos e digam-lhes: “Filho que eu amo tanto, se estás a pensar cometer algum crime nos próximos dias” (silêncio) “não o faças no fim de semana. Se estás a pensar roubar uma loja de conveniência, não deixes as coisas para Sábado, Terça feira é um melhor dia, as coisas estão mais calmas e podes sair da prisão logo no dia seguinte. Queres conduzir um carro sem carta, muito bem, mas apenas à Quinta-feira, porque no fim de semana passas um dia na prisão sem sequer seres ouvido pelo juiz.” E nós vimos, meus amigos, pelos nossos próprios olhos, as consequências que uma noite na prisão pode trazer. Sodomia (silêncio), violência (silêncio), perder um jogo da selecção nacional. Vale a pena. Digo convictamente que não!
(palmas)
Obrigado pela vossa atenção. Nas barraquinhas atrás de mim podem encontrar os livros que transformarão as vossas vidas para o melhor. Todos da minha autoria. “As máquinas são os nossos inimigos”, “Doces e sumos em pó: drogas domésticas”, “Também para os criminosos o fim de semana deve ser de descanso ou como cometer crimes à terça feira é mais divertido e eficaz.” E se levam alguma mensagem desta conferência, que seja que a vida é um bonito passeio num caminho de terra no parque de Monsanto, onde cada canto escondido revela uma tentação.
Senhores e Senhoras, sem mais demora, apresento-vos um dos mais conceituados psicólogos portugueses, único recipiente nacional dos famosos prémios Darwin, Doutor Professor Emídio Moniz.
(palmas) (silêncio)
Boa noite, caros espectadores. Antes de começar a minha apresentação, quero dar uma palavra de louvor para esta iniciativa. A contextualização de tópicos chocantes e perturbadores como estes que acabámos de presenciar é fundamental para o bom funcionamento da sociedade e para o enquadramento psicológico positivo da juventude. Sim, confesso que preferia viver num mundo onde os portageiros não fossem criaturas deprimidas e angustiadas. Mas temos que abrir os olhos. Temos que encarar a verdade. Muitos perdem o seu emprego devido ao avanço das novas tecnologias. Tenho uma amiga, a Diolinda, que era a melhor operadora de chamadas eróticas que alguma vez conheci. Uma verdadeira profissional. Mas até nessa indústria em expansão, o factor humano foi eliminado. Agora são máquinas, gravações, que estão no outro lado, não uma insatisfeita dona de casa com um fetiche por elásticos. Podem dizer, mas ò Moniz, a verdade é que assim ganham mais dinheiro. Talvez, talvez, mas quem é que, numa altura dessas, quer ouvir ‘se já teve um orgasmo, carregue na tecla 1’. Onde é que está o romance? A interacção humana que tornou o sexo pelo telefone uma prática tão apreciada e respeitável? Porque é quando essa interacção humana falha que surge o segundo problema apresentado por estes arrojados episódios. As drogas! Sim, as drogas. Sei o que estão a pensar, que esse é um problema que nunca entrará nas vossas casas. Pois bem, estão enganados! Porque em qualquer casa existe um pacote de Tang . Vão-me dizer que Tang não é uma droga a sério, mas meus amigos, todos nós sabemos que tudo o que importa são as intenções e tenho aqui dados científicos que revelam que o consumo de Tang leva directamente à escalada para drogas mais pesadas. Como podem ver no gráfico que apresento, depois do Tang surge o açúcar granulado, depois a farinha e o pó talco e logo imediatamente a seguir o crack. Imploro-vos, limpem o vosso lar destas tentações. Porque os resultados podem ser drásticos. O que nos leva ao terceiro ponto. Os problemas dos nossos filhos com a lei. Vou ser o mais claro possível nesta questão. Orientem os vossos filhos. Falem com eles, tentem que eles percebam. Peçam para eles desligarem a Internet por um minuto, ou para colocarem a Playstation no pause. Olhem-nos nos olhos e digam-lhes: “Filho que eu amo tanto, se estás a pensar cometer algum crime nos próximos dias” (silêncio) “não o faças no fim de semana. Se estás a pensar roubar uma loja de conveniência, não deixes as coisas para Sábado, Terça feira é um melhor dia, as coisas estão mais calmas e podes sair da prisão logo no dia seguinte. Queres conduzir um carro sem carta, muito bem, mas apenas à Quinta-feira, porque no fim de semana passas um dia na prisão sem sequer seres ouvido pelo juiz.” E nós vimos, meus amigos, pelos nossos próprios olhos, as consequências que uma noite na prisão pode trazer. Sodomia (silêncio), violência (silêncio), perder um jogo da selecção nacional. Vale a pena. Digo convictamente que não!
(palmas)
Obrigado pela vossa atenção. Nas barraquinhas atrás de mim podem encontrar os livros que transformarão as vossas vidas para o melhor. Todos da minha autoria. “As máquinas são os nossos inimigos”, “Doces e sumos em pó: drogas domésticas”, “Também para os criminosos o fim de semana deve ser de descanso ou como cometer crimes à terça feira é mais divertido e eficaz.” E se levam alguma mensagem desta conferência, que seja que a vida é um bonito passeio num caminho de terra no parque de Monsanto, onde cada canto escondido revela uma tentação.
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