The Blue Film – inspirado pela 'short story' visual de Daniel Blaufucks
A felicidade pode ter uma única cor. A mais simples das definições. John fuma um cigarro porque não quer chegar cedo. Observa os turistas que tornam Spring Street num carnaval esquizofrénico, um grupo de cinco homens canta atrás de uma caixa de guitarra vazia, a figura de cabelos longos apanhados num lenço fotografa momentos e transforma-os em passado. Sabe que está na hora quando uma esquina feita de sombra aponta para a mulher de casaco castanho que vende discos de vinil a cinco dólares. Passos curtos pela Thompson e, num gesto manual, fica a dois metros do segundo prédio à esquerda. Sobe cinco degraus, um de cada vez porque a ansiedade controla-se com pequenos actos, e carrega num botão redondo silencioso. A porta abre. A partir de aqui, tudo é instinto.
Cabelo curto, pela orelha, e uma madeixa que lhe atravessa a face. Lábios fechados, a ausência de som, um olhar que tenta escapar para dentro de si próprio, alças que se penduram no limiar dos ombros num insinuar de nudez. Existe um pequeno laço e uma renda, seios que despertam e um cheiro pesado, o enrolar de pestanas e pálpebras decoradas porque nada é ao acaso. Este mundo é azul. Nunca poderia ser de outra forma. Um único tom que se espalha pelas roupas e mobiliário, que invade o ecrã da televisão e contagia a música, transformando esta ilusão de casa na simplicidade do acto.
Ruas desertas, luzes ocasionais, mais um cigarro que serve de companhia. É este o momento em que John tenta lembrar-se de como tudo começou. Sabe que a estória envolve ruas cobertas de poeira e sirenes que significam vida. Amigos que morreram sem corpo, tubos de ensaio com sangue enterrados entre balas de espingardas e cartazes de ‘procura-se’ abraçados com fita cola a postes de electricidade. Somos encontrados apenas quando desistimos da busca. E é só.
A felicidade pode ter uma única cor. A mais simples das definições. John fuma um cigarro porque não quer chegar cedo. Observa os turistas que tornam Spring Street num carnaval esquizofrénico, um grupo de cinco homens canta atrás de uma caixa de guitarra vazia, a figura de cabelos longos apanhados num lenço fotografa momentos e transforma-os em passado. Sabe que está na hora quando uma esquina feita de sombra aponta para a mulher de casaco castanho que vende discos de vinil a cinco dólares. Passos curtos pela Thompson e, num gesto manual, fica a dois metros do segundo prédio à esquerda. Sobe cinco degraus, um de cada vez porque a ansiedade controla-se com pequenos actos, e carrega num botão redondo silencioso. A porta abre. A partir de aqui, tudo é instinto.
Cabelo curto, pela orelha, e uma madeixa que lhe atravessa a face. Lábios fechados, a ausência de som, um olhar que tenta escapar para dentro de si próprio, alças que se penduram no limiar dos ombros num insinuar de nudez. Existe um pequeno laço e uma renda, seios que despertam e um cheiro pesado, o enrolar de pestanas e pálpebras decoradas porque nada é ao acaso. Este mundo é azul. Nunca poderia ser de outra forma. Um único tom que se espalha pelas roupas e mobiliário, que invade o ecrã da televisão e contagia a música, transformando esta ilusão de casa na simplicidade do acto.
Ruas desertas, luzes ocasionais, mais um cigarro que serve de companhia. É este o momento em que John tenta lembrar-se de como tudo começou. Sabe que a estória envolve ruas cobertas de poeira e sirenes que significam vida. Amigos que morreram sem corpo, tubos de ensaio com sangue enterrados entre balas de espingardas e cartazes de ‘procura-se’ abraçados com fita cola a postes de electricidade. Somos encontrados apenas quando desistimos da busca. E é só.