Momentos
Porque é que estás a olhar assim para mim?
Assim como?
Como se me amasses?
Viam filmes juntos. Sentavam-se no chão, ele com as costas contra o sofá preto, ela encaixada entre as pernas tapadas por ganga suja. Bebiam copos de chá gelado e, mesmo às escuras e com as sombras da televisão desenhadas no rosto, mesmo sem nunca se virarem, não tiravam os olhos um do outro.
Ele estava na casa de banho do restaurante, a lavar as mãos. A porta abre-se e ela entra. Tem um sorriso na face e uma madeixa que lhe cobre o olho direito. “Estou a ser marota?”. Beijam-se.
Bebem Pats Blue Ribbon da lata enquanto se sentam numa cadeira alta ao pé do balcão. Mulheres dançam e despem-se. Alguém paga um copo, um cliente coloca-se de cabeça para baixo e uma morena de calças de cabedal e tatuagem nas costas cospe-lhe tequilha para a boca. Antes de saírem, roubam soutiens que mais tarde atiram pela janela de um taxi em andamento. Quando chegam à esquina, descobrem que nenhum tem dinheiro. Fogem do condutor apenas para dar a volta ao quarteirão, onde ele continua à espera. Uma chapada. Correm de novo, escondem-se até ele desistir. Despedida, um pede cigarros, recebe três que acende ao mesmo tempo. Para conseguir abrir a porta, coloca dois no bolso. Só quando chega ao quinto andar é que descobre o casaco está a arder. Atira-o para o chão, dá-lhe pisadelas até o fumo desaparecer. Entra em casa. “O que é que te aconteceu?” “Nova Iorque”.
Um café com leite, um bolo recheado e uma garrafa de água. Observam as pessoas à sua volta, pai e mãe que nunca cruzam o olhar enquanto o filho come uma torrada, empregados de laço e cintura preta, uma senhora sentada sozinha numa mesa para quatro que fuma cigarros e tenta lembrar-se se existe vida alem disso. Eles falam de nada. São oito da manhã. “Leva-me para casa”.
Porque é que estás a olhar assim para mim?
Assim como?
Como se me amasses?
Viam filmes juntos. Sentavam-se no chão, ele com as costas contra o sofá preto, ela encaixada entre as pernas tapadas por ganga suja. Bebiam copos de chá gelado e, mesmo às escuras e com as sombras da televisão desenhadas no rosto, mesmo sem nunca se virarem, não tiravam os olhos um do outro.
Ele estava na casa de banho do restaurante, a lavar as mãos. A porta abre-se e ela entra. Tem um sorriso na face e uma madeixa que lhe cobre o olho direito. “Estou a ser marota?”. Beijam-se.
Bebem Pats Blue Ribbon da lata enquanto se sentam numa cadeira alta ao pé do balcão. Mulheres dançam e despem-se. Alguém paga um copo, um cliente coloca-se de cabeça para baixo e uma morena de calças de cabedal e tatuagem nas costas cospe-lhe tequilha para a boca. Antes de saírem, roubam soutiens que mais tarde atiram pela janela de um taxi em andamento. Quando chegam à esquina, descobrem que nenhum tem dinheiro. Fogem do condutor apenas para dar a volta ao quarteirão, onde ele continua à espera. Uma chapada. Correm de novo, escondem-se até ele desistir. Despedida, um pede cigarros, recebe três que acende ao mesmo tempo. Para conseguir abrir a porta, coloca dois no bolso. Só quando chega ao quinto andar é que descobre o casaco está a arder. Atira-o para o chão, dá-lhe pisadelas até o fumo desaparecer. Entra em casa. “O que é que te aconteceu?” “Nova Iorque”.
Um café com leite, um bolo recheado e uma garrafa de água. Observam as pessoas à sua volta, pai e mãe que nunca cruzam o olhar enquanto o filho come uma torrada, empregados de laço e cintura preta, uma senhora sentada sozinha numa mesa para quatro que fuma cigarros e tenta lembrar-se se existe vida alem disso. Eles falam de nada. São oito da manhã. “Leva-me para casa”.